Resumo
O trabalho explora o papel das mudanças dos arranjos familiares na distribuição de renda brasileira, utilizando microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) no período de 2012 a 2023. Os arranjos familiares serão distribuídos em 5 grupos: casal com filhos, casal sem filhos, monoparentais femininos, unipessoais e outros arranjos. Observa-se tendências modestas, mas relevantes, como diminuição de casais com filhos e aumento de famílias unipessoais e casais sem filhos. Nota-se quedas recentes na desigualdade de renda, acentuadas em 2020, devido ao empobrecimento geral, intensificado com a pandemia. Por fim, resultados da regressão quantílica sugerem que há assimetrias estatisticamente significativas entre os percentis ao longo da distribuição de renda em todos os arranjos familiares e resultados da decomposição do índice de Theil indicam que a distância “dentro dos grupos” é mais relevante na distribuição da renda familiar, embora o peso da desigualdade “entre grupos” esteja aumentando desde 2019.
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